Com graduação e sem emprego: quais os motivos?
De acordo com o Dieese, os formandos
no ensino superior estão encontrando dificuldades de inserção no mercado de
trabalho. Essa dificuldade não é nova, pelo simples motivo do Brasil sempre ser
uma promessa e nunca uma realidade econômica. Não crescemos por causa de corrupção
e má gestão, uma vez que temos recursos econômicos em abundancia e mão de obra
de qualidade e disposta a trabalhar.
Temos recursos econômicos abundantes,
mas, mesmo assim não decolamos. Claro que com a crise econômica as dificuldades
aumentaram. Como consequência, pessoas com cursos superiores, de diferentes áreas
de formação, especialmente os recém formados, disputam vagas com pessoas de nível
técnico, o que por si só evidencia a situação pela qual os brasileiros passam a
décadas e não somente a partir da crise de 2013.
Bom destacar também que o
desemprego atingiu pessoas de várias faixas etárias e níveis de escolaridade, o
que leva os trabalhadores a aceitarem empregos em outras áreas e em condições
inferiores ao que realmente pretendiam ao ingressarem em um curso superior, na
maioria das vezes por necessidade econômica.
Por exemplo, atualmente,
enfermeiros trabalham como técnicos e os técnicos ficam desempregados ou
trabalham fora de sua especialidade; com isso o Brasil perde força de trabalho,
deixa de criar valor, impactado, na qualidade de vida, no bem-estar social e no
desenvolvimento econômico.
Com aumento da concorrência entre
trabalhadores, ocorre diminuição do rendimento médio e aumento de dificuldades
para o jovem recém formado conseguir seu primeiro emprego, em sua área de formação.
As pessoas sem empregos ou em busca de seus primeiros empregos aceitam, na
maioria das vezes, salários menores do que seriam oferecidos em tempo de
crescimento econômico, ou, ainda, empregos que não exigem ensino superior.
A concorrência, ocorre, portanto,
entre pessoas com formação em ensino superior, com mais experiência, ou, ainda,
com pessoas com nível de escolaridade mais baixa, o que impacta negativamente nas
remunerações.
A desigualdade é um fator que
impacta nas oportunidades. A network, a condição socioeconômica da família, a disponibilidade
de recursos financeiros. Jovens integrantes de famílias de menor renda acabam
aceitando empregos abaixo de sua formação ou capacidade, o que não é relevante
para a maioria das ofertas de emprego. Outro fator é que, devido às condições
familiares pré-existentes, muitos jovens universitários de menor renda acabam
se inserindo no mercado de trabalho em ocupações que não têm relação com a
formação universitária.
A forma como o recém formado
ingressa no mercado de trabalho, na maioria das vezes, é determinante nas oportunidades
futuras de trabalho e na carreira que seguirão. Portanto, é crucial que o país
esteja organizado e com a economia consolidada, de forma que nossos jovens não
sejam prejudicados no futuro em suas carreiras e em seus sonhos.
Fonte: IBGE; Dieese.
https://www.dieese.org.br/boletimempregoempauta/2019/boletimEmpregoEmPauta13.html

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